Excerto: ...os principios, sao illegitimas perante os factos, sao calumniosas perante o meu pouquissimo conhecimento da historia. Agora a questao magna do seu folhetim, a educacao 103 da mulher. Sobre este ponto sinto dizer-lhe que nem comprehendo como o meu amigo, cujo bom senso e intelligencia eu tanto aprecio, nao quer para a mulher a maxima instruccao, que da em regra, a maxima elevacao moral; nao, para todas as mulheres, a instruccao professional de que precisa o medico, o jurisconsulto, o estadista, o engenheiro, o professor de universidade, mas esta instruccao geral, completa e solida, que da aos espiritos a maxima amplitude de vistas, ao entendimento a maxima robustez, a alma a maxima grandeza moral, ao coracao a maxima bondade, pela comprehensao do direito, pelo sentimento profundo do dever. Quer o meu amigo para a mulher uma instruccao rosada e transparente como uma meditacao suspirosa de Lamartine; nao lhe quer ensinar da historia senao o sufficiente para que ella se nao faca beata, pelo horror aos seus similhantes, ou Lucrecia Borgia, por imitacao ou por amor aos envenenamentos; nao lhe quer ensinar astronomia porque receia que ella ande pelos bailes a perguntar aos cavalheiros que a comprimentam ou as amigas que a abracam, qual seja n'esse momento a declinacao austral do planeta Saturno ou em que phase esta o quarto satellite de Jupiter Eu, francamente, nao lhe sei responder a isto. Se o meu amigo tivesse dito, clara e cruamente, que quer a mulher como nossa mai Eva, ignorante como uma barroza de capucha de pardo, entendia-se; era um systema ou uma conviccao, a que eu tributaria todos 104 os respeitos que me merecem as conviccoes sinceras; mas dizer-me que quer para a mulher uma certa meia instruccao, que nao vi que desse nunca mais que petulancia, mau senso e bacharelice as mulheres que a possuem, porque lhes excita a curiosidade sem lh'a satisfazer, porque as nao deixa na completa ignorancia, que...